Vozes de revolução | Ensemble DME

 




Vozes de Revolução- Ensemble DME


Partindo de duas obras intrinsecamente relacionadas com a Revolução de Abril, "CDE" de Jorge Peixinho (para ensemble) e "A Casa do Cravo" de Carlos Marecos (piano e electrónica), esta edição fonográfica pretende ser uma alusão às diferentes Vozes de Revolução que, de formas tão diferentes foram moldando a ideia de liberdade, capturando o espírito de mudança e a atmosfera de um dos momentos mais marcantes da história portuguesa.

A obra "CDE" (1970), de Jorge Peixinho remete para o advento do Movimento Democrático Português (MDP), através da Comissão Democrática Eleitoral (CDE), uma das mais importantes organizações políticas da Oposição Democrática ao regime do Estado Novo em Portugal.

A obra "A Casa do Cravo" (2019) de Carlos Marecos [Encomenda Projecto DME], para piano, electrónica processada em tempo real, é inspirada na vivência do compositor durante o período do pós 25 de Abril de 1974 (Processo Revolucionário em Curso - PREC) que inclui gravações que o próprio realizou das emissões radiofónicas da ocupação da rádio renascença em 1975, bem como excertos de canções de intervenção. Algumas destas gravações constituem documentação potencialmente única em si mesma, na medida que se trata de gravações realizadas ao vivo aquando da tomada da RR e das quais não temos registo que haja mais gravações daqueles momentos em que se escutam as vozes tumultuosas, mas por vezes trémulas, com momentos de pontuais inseguranças no discurso dos soldados que claramente não podiam assegurar as consequências dos seus actos. A obra de Marecos transcende a mera paisagem sonora, criando um discurso musical forte e que se coaduna com a sua visão política da época, numa elegia a esse período e homenagem à liberdade daí obtida.


«Vozes de Revolução» é um dos 45 projectos apoiados pelo programa «Arte pela Democracia», uma iniciativa da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril em parceria com a Direção-Geral das Artes.
O Programa «Arte pela Democracia» promove projectos artísticos que se enquadrem nas Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e que contribuam para a reflexão sobre a relevância deste acontecimento na construção da democracia.
É dirigido a projectos artísticos nas áreas das artes visuais (arquitetura, artes plásticas, design, fotografia e novos media); artes performativas (circo, dança, música, ópera e teatro); artes de rua; e cruzamento disciplinar.
A primeira edição, lançada em 2023, teve uma dotação orçamental de um milhão de euros. Selecionou um total de 45 projectos, que abrangem todo o país.





Locais e datas de gravação

Escola Superior de Música de Lisboa, 14 e 15 de Agosto de 2024

Captação

Luís Marques

Mistura

Luís Marques

Carlos Marecos (Faixa 1)

Masterização

Luís Marques

Edição

Lisboa Incomum 2024

Direcção Artística

 Jaime Reis

Design

Daniela Seatra

Equipa técnica e artística

Alex Waite, Piano

Beatriz Costa, Violino e Produção

Carlos Silva, Clarinete

Miguel Rocha, Violoncelo

Delia Ramos Rodríguez, Maestrina convidada

Jaime Reis, Direcção Artística e Electrónica

Mariana Vieira, Direcção Executiva

Luís Marques, Técnico de som

Cristóvão Almeida, Assistência Técnica

Agradecimentos

José Sá Machado

Jorge Sá Machado

Adélio Carneiro (Escola Superior de Música de Lisboa)

Ângela Lopes (Escola Secundária de Camões)

Otilia Moreira e equipa (Avenidas – Um Teatro em Cada Bairro)

Amâncio Cabral, Ana Carvalho e equipa (II Encontros Quadrivium de Música Contemporânea)

Produção:

Lisboa Incomum 

Apoios:

República Portuguesa – Cultura 

DGArtes 

50 Anos 25 de Abril

Escola Superior de Música de Lisboa

Antena 2



Ensemble DME
O Ensemble DME foi criado em 2013 no âmbito do Projecto DME, uma iniciativa fundada 
pelo compositor Jaime Reis para promover a prática musical contemporânea. 
Com sede no espaço Lisboa Incomum, tem trabalhado com maestros como Jean-Sébastien Béreau, Pedro Pinto Figueiredo, Rita Castro Blanco, Valerio Sannicandro, Delia Ramos Rodríguez, entre outros.
Recentemente, tem orientado o seu trabalho para projectos multidisciplinares, onde se destaca a estreia do espetáculo “Geometrias do Inelidível”, de Jaime Reis, produzido pela EMSCAN em 2022, o concerto co-organizado com o Instituto Italiano de Cultura de Lisboa, “Esplorazioni”, dedicado à relação entre espaço e som, com o compositor e maestro italiano Valerio Sannicandro, assim como colaborações com o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian em torno de Iannis Xenakis e Mieko Shiomi, uma das fundadoras do movimento Fluxus. 
O Ensemble DME tem quatro edições fonográficas, onde se incluem os monográficos de Mario Mary (editora CMMAS) e de João Pedro Oliveira, e as edições com foco nas obras de autores portugueses contemporâneos para violeta, por Aida-Carmen Soanea, e para piano, por Ana Telles. Tem actuado em numerosas salas de concertos e festivais, dos quais destacamos a Fundação Logos (Gent, Bélgica), o Palladium (Malmö, Suécia), as digressões no Brasil (2015, 2023) com mais de uma dezena de concertos, o Auditorio Santa María (Plasencia, Espanha
), 
Casa da Música (Porto), Palácio Foz e Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa).


Carlos Marecos
Licenciado em Composição pela Escola Superior de Música de Lisboa, onde estudou, entre
outros, com Eurico Carrapatoso, António Pinho Vargas e Christopher Bochmann.
Doutor em Música pela Universidade de Aveiro, sob a orientação de João Pedro Oliveira e
Christopher Bochmann, como bolseiro da FCT.
Prémio Lopes Graça/Composição nas edições em 1999 e 2000.
Tem recebido encomendas de entidades como a Culturgest, o Serviço Acarte da FCG, a Expo
98/Lisboa, Festival Internacional de Música do Estoril, Festival Cistermúsica de Alcobaça,
MPMP – Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa, Projecto DME – Dias de Música
Eletroacústica, Miso Music Portugal, entre outras.
Tem escrito regularmente música para teatro e para dança, para encenadores como João
Brites, José Russo, Luís Miguel Cintra, Paulo Lages e Raul Atalaia, e coreógrafos como
Madalena Victorino, Vera Mantero e Sofia Silva. A sua música tem sido apresentada em
Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Países Baixos, Itália, Dinamarca, Colômbia e EUA.
Leciona atualmente Composição e Análise na Escola Superior de Música de Lisboa, onde é
subdiretor, ainda coordenador da Licenciatura em Tecnologias da Música.



Jorge Peixinho
Jorge Peixinho nasceu no Montijo, a 20 de Janeiro de 1940.
Compositor, pianista, crítico, maestro, professor, conferencista, membro da direcção de várias
organizações, organizador de concertos e maestro. Individualidade importante na divulgação
da música contemporânea em Portugal e da música portuguesa no estrangeiro.
Após ter terminado os cursos de Piano e Composição no Conservatório de Lisboa, estudou
como bolseiro da Fundação Gulbenkian, com Boris Porena em Roma e Goffredo Petrassi na
Academia de S. Cecillia , onde obteve o diploma de aperfeiçoamento em Composição (1961).
Trabalhou ainda com Luigi Nono em Veneza e, posteriormente, com Pierre Boulez e Karlheinz
Stockhausen nos Meisterkurse da Academia de Basileia. Participou ainda em vários Cursos
Internacionais de Darmstadt entre 1960 e 1970, colaborando nos projectos de composição
colectiva promovidos e dirigidos por Stockhausen em 1967 e 1968.
Participou em inúmeros festivais de música contemporânea, entre os quais os seguintes:
Gaudeamus (Holanda, 1963), Madrid (1964), Veneza (1964), e por diversas vezes, nos
Festivais de Royan (França) e Santos (Brasil), Buenos Aires (1970 e 1982), Maracaíbo
(Venezuela, 1977), S. João del Rei (Brasil); Curitiba (1970), etc. Em 1972/73 efectuou um
estágio no estúdio de música electrónica IPEM em Gent (Bélgica).
Jorge Peixinho foi membro de júris de vários concursos internacionais de composição (Festival
Guanabara – Rio de Janeiro, 1970), Prémios Martin Codax - Vigo e Fernando pessoa – Lisboa,
Concurso Viotti (Vercelli – Itália).
Obteve os prémios de composição Gulbenkian, Sociedade Portuguesa de Autores e Conselho
Português de Música.
Em 1970 fundou, juntamente com alguns músicos portugueses, o Grupo de Música
Contemporânea de Lisboa, que tem realizado uma importante acção de divulgação de música
do nosso tempo (em particular da nova música portuguesa) e realizou concertos em vários
países da Europa, nomeadamente nos Festivais de Royan e Manca (Nice), RNE (Madrid),
Santiago de Compostela e Sevilha, Festival Gaudeamus e World music Days (Holanda),
Festival Antidogma (Turim), Bienal de Zagreb, Outono de Varsóvia e uma digressão no Brasil.
Colaborou regularmente nos Encontros Gulbenkian de Música Contemporânea.
Em 1977 foi eleito membro do Conselho Presidencial da Sociedade Internacional de Música
Contemporânea. Foi convidado para realizar várias obras no estúdio de Música Electrónica de
Bourges (França) em 1979, 1989 e 1992.
Recebeu encomendas de várias instituições portuguesas, entre as quais: SEC, Fundação
Gulbenkian, Comissão dos Descobrimentos, Conselho Português da Música, Oficina Musical,
Câmara Municipal de Matosinhos, Festival Internacional de Alicante, GMEB de Bourges
(França), New Music Concerts (Toronto Canadá), festival de Acqui Terme (Itália), assim como
de artistas e agrupamentos nacionais e estrangeiros.
Peixinho foi galardoado com as medalhas de Mérito Cultural e de Ouro da Cidade do Montijo.
Faleceu a 30 de junho de 1995.
("Biografia de Jorge Peixinho" in MACHADO, J. (org.), Jorge Peixinho - In Memoriam, Editorial Caminho, 2002, pp.21-22)