Ladrem, Pardais! + Fábio Chicotio
Ladrem, Pardais! + Fábio Chicotio
Residência Artística 2024
18 a 22 Novembro 2024, Lisboa Incomum
Concerto | 22 Novembro 2024
21h00 | Lisboa Incomum
A residência culminará no concerto inaugural do evento Cultura e Sustentabilidade, no dia 22 de Novembro às 21h00 no Lisboa Incomum.
Programa
Brent McCall - Landspace for flute(s) and suspended glass chimes (1973)
Nuno Lobo - Ladra, Pardal! (2018)
Liza Lim - Bioluminescence (2018)
Roman Haubenstock-Ramati - Interpolation (1957)
Enno Poppe - 17 Ëtuden für die Flöte, 3. Heft (2009)
Mariana Vieira - TRE (2019)
Fábio Chicotio - Coeval Proportions (2024)*
* Estreia Mundial, encomenda Projecto DME
Este conjunto de obras para diferentes constelações de flautistas procura fugir da conotação programática que se atribui frequentemente às flautas: os passarinhos. Em todas elas, se denota uma exploração de “ruidínhos” que sugerem um universo microscópico. Esta é uma homenagem ao mundo pequenino, à comunidade fascinante de bichos e outros seres que nos acompanham sem darmos por isso.
O programa começa com Landscape de Brent McCall, uma partitura que é em si uma paisagem a ser percorrida pelas performers. Como a seguir um caminho, cada uma deve escolher uma direcção: da esquerda para a direita e vice-versa ou até zig-zagueando. O performer deve ser lógico nas suas decisões, sem saltar de um sítio para o outro. Algumas partes podem ser evitadas, tocadas uma vez ou repetidas. Se repetidas, que sejam tanto quanto possível. As três performers são como uma só que se multiplica em ecos.
Segue-se a peça de Nuno Lobo - Ladra, Pardal!, - um palíndromo de múltiplas camadas. A nível harmónico, cada flautista apresenta a sua série de notas, que gradualmente vai modulando em direcção da série de notas da outro flautista. O mesmo processo é replicado a nível de estrutura, registo, dinâmicas e técnicas extendidas. Simultaneamente, a estrutura rítmica é uma série de gati bedham (conceito da música carnática), reversível em si mesma.
Já Bioluminescence, de Liza Lim, explora as qualidades cintilantes e tremeluzentes da luz. Por definição, a bioluminescência é a emissão de luz por organismos, como pirilampos, fungos, algas e muitas criaturas marinhas. Um exemplo famoso é o calamar bobtail havaiano, que abriga bactérias cujos pontos luminosos funcionam como uma espécie de "manto de invisibilidade". O calamar mistura-se com o luar numa noite estrelada, parecendo não projetar sombra do ponto de vista de qualquer presa abaixo.
Estas sublimes imagens da natureza foram referência e ponto de partida para a composição desta obra para flauta solo.
As três flautas juntam-se mais uma vez para Interpolation de Roman Haubenstock-Ramati, com o subtítulo de “mobile”, um conceito inspirado no trabalho do escultor Alexander Calder. Rompendo com a noção de linearidade, de alguma forma semelhante à abordagem de McCall - um labirinto que o performer tem de percorrer, tomando decisões à medida que a interpretação decorre - esta obra é um conjunto de segmentos dispostos graficamente de forma a sugerir inúmeras combinações e possibilidades formais. Com abertura para a espontaneidade na performance, sem perder a identidade e rigidez do detalhe, cada interpretação desta obra é diferente, fruto da interacção das performers com o espaço e entre si.
De seguida, são interpretados os 17 estudos para flauta de Enno Poppe, que são na verdade um só. Dividido em 17 secções, cada uma com 17 compassos irregulares, este trabalho apresenta o desenvolvimento formal e a variação do material que é apresentado na primeira secção de uma forma profundamente orgânica. Este é um trabalho sublime de exploração tímbrica e precisão rítmica.
A peça TRE, também para flauta solo, foi uma encomenda da Antena 2 / RTP para o Prémio Jovens Músicos. O desafio era compor a obra obrigatória das eliminatórias do nível médio do concurso, destinado a flautistas até aos 18 anos. Uma das principais preocupações de Mariana Vieira foi explorar a vasta gama tímbrica da flauta. Esta foi conseguida criando três ambientes musicais distintos, cada um ligado a um registo da flauta – grave, médio e agudo –, procurando incentivar os jovens intérpretes a aliar expressividade a um domínio técnico dentro de uma linguagem musical contemporânea.
O programa é encerrado com a obra desenvolvida nesta residência com o compositor Fábio Chicotio.
Os insetos sempre coexistiram com a nossa espécie. Durante todo este tempo, como será que aqueles pequenos seres nos viram?
“Coeval Proportions” pretende, de forma fantasiosa, replicar auditivamente a ilusão de ótica que faz com que, objetos maiores em movimento - como um avião - pareçam sempre mais lentos do que na realidade são.
Esta peça foi uma encomenda do Projeto DME e teve como inspiração o livro infantil “Histórias Pequenas de Bichos Pequenos” de Álvaro Magalhães.
@Diana Gil |
Ladrem, pardais!
Ladrem, pardais! é um trio que interpreta música contemporânea para flautas, projecto que nasce da vontade de divulgar e valorizar obras de compositores portugueses emergentes.Célia Silva, Mariana Portovedo e Teresa Costa formaram o naipe de flautas da Academia de Verão do Remix Ensemble Casa da Música em 2021 e rapidamente reconheceram a urgência que lhes era comum em desenvolver um trabalho artístico colaborativo.
Apresentaram-se em Maio de 2023 no Círculo de Cultura Musical da Bairrada e no Ermo do Caos no Porto com um programa que incluía obras para flautas de Agnelo Marinho, Carlos Lopes, Catarina Bispo, Fábio Cachão, Mariana Marques Coelho, Mariana Vieira, Nuno Lobo e Rodrigo Vieira Cardoso.
Apresentaram-se em Maio de 2023 no Círculo de Cultura Musical da Bairrada e no Ermo do Caos no Porto com um programa que incluía obras para flautas de Agnelo Marinho, Carlos Lopes, Catarina Bispo, Fábio Cachão, Mariana Marques Coelho, Mariana Vieira, Nuno Lobo e Rodrigo Vieira Cardoso.
Têm também como objectivo promover estéticas contemporâneas perante um público diversificado e descentralizado, e por isso projectam a realização de concertos comentados, performances “arte in situ” assim como a criação de programas para a infância.
Em Novembro de 2024 desenvolvem um trabalho colaborativo com Fábio Chicotio em residência no Lisboa Incomum - Projecto DME; Em Março de 2025, com o apoio da dgartes, apresentam “Ecos de Argila”, um trabalho de criação com Solange Azevedo, Rita Soares e Beatriz Martinho na fábrica da antiga Cerâmica Rocha em Oliveira do Bairro.
Em Novembro de 2024 desenvolvem um trabalho colaborativo com Fábio Chicotio em residência no Lisboa Incomum - Projecto DME; Em Março de 2025, com o apoio da dgartes, apresentam “Ecos de Argila”, um trabalho de criação com Solange Azevedo, Rita Soares e Beatriz Martinho na fábrica da antiga Cerâmica Rocha em Oliveira do Bairro.
Juliana Dias
Juliana Dias é licenciada pela Escola Superior de Música de Lisboa na classe dos Professores Amalia Tortajada e Nuno Ivo Cruz, com quem frequenta atualmente o Mestrado em Ensino de Música, na mesma instituição.
Realizou masterclasses com Nuno Inácio, Francisco Barbosa, Adriana Ferreira, Rute Fernandes, Rien de Reede, Frédéric Sanchéz, Salvador Martínez, Júlia Gállego, Mario Caroli, Anne-Cathérine Heinzmann, Marina Piccinini, entre muitos outros.
Teve o privilégio de trabalhar com diversos maestros como Carlos Marques, Bernardo Lima, Henrique Portovedo, Susana Milena, Armando Saldarini, Ernst Schell, Mark Heron, Nigel Clarke, José Eduardo Gomes, Vasco Pearce de Azevedo, Maxime Aulio e Jean-Marc Burfin. Participou em festivais e concursos nacionais e internacionais em Espanha, Itália, Holanda e Alemanha.
Apresentou-se em recitais de flauta e piano tais como o Musicatos, Festival Percursos da Música, Quinta de Regaleira. Ao nível de música de câmara também integrou diversas formações distintas como o ClusterLab (música contemporânea), Quinteto de Sopros, Ensemble de Flautas, Coro de Câmara ESML.
Integrou em 2020 um projeto de reinserção social, patrocinado pela DGARTES, denominado Libert’arte e em 2023 estreou a ópera infantil, “Jardim Secreto” de Rafael Araújo, no Teatro Olga Cadaval, em Sintra.
Fábio Chicotio
@Rui Correia |